Setembro é o mês da campanha Setembro Amarelo, dedicada à prevenção do suicídio e à valorização da vida. Esta campanha acontece ao longo de todo o mês e tem como principal marco o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado em 10 de setembro, uma iniciativa da Associação Internacional para Prevenção do Suicídio, apoiada pela OMS.
Este mês traz uma oportunidade valiosa para falarmos, com ainda mais atenção e cuidado, sobre a saúde emocional no pós-parto, um período de intensa transformação e vulnerabilidade. Para muitas mulheres, o nascimento do bebê é repleto de alegria e esperança — mas também pode trazer melancolia, cansaço extremo, insegurança e até sentimentos de culpa ou tristeza profunda
- Baby Blues vs. Depressão Pós-Parto
É fundamental diferenciar dois quadros comuns:
Baby Blues (tristeza pós-parto): ocorre logo após o parto, com sintomas como sensibilidade emocional, choro fácil, cansaço ou irritabilidade. Geralmente é passageiro e se resolve espontaneamente em até duas semanas;
Depressão Pós-Parto (DPP) : condição mais séria e duradoura, que pode surgir até 12 meses após o parto. Inclui sintomas como ansiedade persistente, tristeza profunda, culpa exagerada, irritabilidade, alteração no sono e no apetite, e até ideação suicida.
Dados importantes:
No Brasil, 1 em cada 4 mulheres no pós-parto apresenta sintomas depressivos.
Segundo a OMS, 1 a cada 4 gestantes apresentará algum transtorno psiquiátrico, sendo a depressão o mais comum.
Sem diagnóstico e tratamento adequados, a DPP pode impactar o vínculo mãe-bebê, a amamentação, o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança — além de aumentar o risco de suicídio.
- Fatores de Risco e Sinais de Alerta
Entre os fatores de risco identificados por ginecologistas, psiquiatras e profissionais da saúde:
- Histórico pessoal ou familiar de depressão;
- Gestação não planejada ou estresse no período perinatal;
- Falta de apoio familiar ou parceiro;
- Condições socioeconômicas adversas, violência doméstica, uso de álcool ou alguns tipos de substâncias.
Um estudo entre 919 mulheres no puerpério encontrou risco de suicídio em 11,5%, que chega a 17% quando houver depressão ou ansiedade associada
- O Papel do Profissional de Saúde
A atuação de ginecologistas e obstetras é crucial na identificação e prevenção desses quadros. Durante o pré-natal e consultas pós-parto, o profissional deve:
- Investigar o estado emocional da mãe;
- Perguntar sobre humor, sono, alimentação, sensação de culpa ou sobrecarga.
Além disso, protocolos do Ministério da Saúde preveem a consulta puerperal até 42 dias após o parto, com acolhimento humanizado e atenção à saúde mental da mulher
- Estratégias de Prevenção e Apoio
Rede de apoio
Parceiro, família e amigos têm papel protetor: oferecer escuta, ajudar com o bebê, permitir descanso, mostrar acolhimento
Intervenções psicossociais
Terapias como TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) e TIP (Terapia Interpessoal) têm mostrado eficácia na redução dos sintomas depressivos pós-parto
Prevenção ativa
Triagem de saúde mental perinatal (pré-natal e pós-parto) com uso de instrumentos validados, como o Edinburgh Postnatal Depression Scale ou PHQ-9, facilitando diagnóstico precoce
Wikipédia
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Acesso à rede público
O SUS dispõe da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) com diversos serviços: CAPS, leitos, residenciais terapêuticos e unidades de acolhimento
Serviços e Informações do Brasil
- Conexão com Setembro Amarelo
Em setembro, a campanha traz o lema “Se precisar, peça ajuda”
. Esse é o momento de reforçar a mensagem para as novas mães:
“Você não está sozinha. Seus sentimentos são válidos. Falar ajuda. Buscar apoio salva vidas.”
Conclusão
Setembro Amarelo é uma oportunidade essencial para lembrar: a vida vale muito – e isso inclui a vida da mãe. A chegada de um bebê deve ser motivo de carinho, esperança e cuidado — inclusive com a saúde mental feminina.
Com informação, empatia e ações concretas, podemos ajudar mães recém-nascidas a encontrarem força, apoio e prevenção. Afinal, apoiar é amar — e amar salva vidas.

